
quarta-feira, junho 08, 2005EnsaiandoÀs vezes acho que não nasci para o dia. Nasci para a noite, mas não a aproveito. Ao contrário, a reprimo. Não quero ir na contramão da maioria. Prefiro contrariar a minha mão. E as minhas noites são dos devaneios, dos beijos que meus lábios não alcançarão, dos gritos que não sairão da minha garganta, do número de telefone que meus dedos não teclarão, do coração acelerado que minhas artérias não deixarão explodir, das resoluções que nunca acatarei... De todas as hipérboles que meu travesseiro parece sugar enquanto eu durmo, para que, ao amanhecer, eu ache tudo um imenso exagero. Talvez minha vida fosse mais intensa se tudo pudesse acontecer na minha cama, depois das 22h, entre quatro paredes, mas com todos os atores. Se o mundo girasse a meu redor. Mas como não deram a alavanca nem para Arquimedes, não vai ser pra mim. Então não vou mover o mundo de supetão, vou deixar que as coisas sejam tão rápidas e aparentes como a formação das montanhas. O risco é que, entre uma camada e outra, se formem fósseis que parecerão riquíssimos em detalhes daqui a algum tempo, ou corpos que se tornarão petróleo, energia em potencial na qual outrem acreditarão e botarão fogo. Não eu. Não eu que fico com a racionalidade do dia. Que não me arrisco na claridade e uso a escuridão para dormir. Kathia 3:25 PM
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